sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Carne estragada

Na prisão que só a liberdade me trouxe
Me pego gritando por um socorro inconveniente
Barulhos que se confundem com correntes
Dúvidas fantasiadas de verdades infantis

E acordar nunca mais terá o gosto de vida
Nem da morte que consagrou tudo que eu tinha
Você quis se livrar do que nunca entendeu
E apagou a única luz que eu te oferecia

Agora disfarce a tristeza e jogue cal por cima
Finja o controle, como se um dia isso importasse
Leve consigo suas certezas tolas e inúteis
Erre os desacertos de uma vida não-amada

Viva a dualidade mais superficial na qual se ateve
E não se atreva a mergulhar no caminho entregado
Pois vai que seu bicho-papão te encontra no lugar de sempre
Vai que ele descobre seus segredos já revelados

Já eu sigo do desejo na profundidade infinita
Persigo o medo de um real futuro esperançoso
Me desfaço das farpas agudas do passado
Agora encravadas estacas em meus dedos delgados

Num jogo sem cor ou brilho, nos nomeamos amantes
Chamamos de dança essas agressões diárias
Borramos a expectativa de carvão e sangue
Pra um dia, distante, sentirmos o peso da vingança

Afinal só queria meus sonhos de volta

Bem aqueles que foram arrancados de mim
Que a amargura dos teus olhos fez questão de apodrecer
E a fraqueza dos meus simplesmente tornaram lixo

Mesmos sonhos que bordava quando tudo era ímpeto
Mesma fome que sentia na carne mordida
Nenhuma frieza me arrancaria do que eu sou
Nenhum você me destruiria do que eu vou ser

Nenhum comentário: