terça-feira, 10 de setembro de 2013

Perder

Perdi meu medo de ser abandonada. Pelo menos o medo de ser abandonada por você.
Perdi porque já fui. A gente não tem mais medo do que já aconteceu quando finalmente percebe que é perfeitamente capaz de sobreviver a isso.
Perdi você há muito tempo. Nunca te tive já que, na prática, é impossível ter alguém. Perdi a crença de que já esteve ao meu lado... o quê, afinal, dá no mesmo.
Perdi a paz, perdi o sono, perdi alguns cafés da manhã e almoços.
Achei que tinha me perdido, mas estava enganada. Me encontrei como nunca.

Mas perder os vícios, isso é mais complicado. Ainda sofro com a vontade de fumar e sei que se colocar um cigarro na boca, a dificuldade de largá-lo depois será ainda maior. Ainda escuto músicas tristes quando fico abalada, mesmo sabendo que isso só me deprimirá. A nossa relação funciona da mesma forma... te coloco no repeat, te fumo de novo e de novo. "O último trago" me prometo.

Perder contato com você me faria um bem danado. Mas me saboto com fantasias: "mas e se ele aprender a ser um bom pai?", "se eu estiver exagerando e, no futuro, minha filha tenha mais orgulho do genitor do que decepções?", "se ele descobrir como amar e ser amado? Não quero tirar dela a possibilidade de ser amada...". Mas quais as chances? E então me lembro que eu - E ELA - temos muito a perder. Por que arriscar meu bem estar, coisa tão necessária nesse momento, pra que, hipoteticamente, você entenda como não machucar quem está a sua volta?
Faço e refaço esse questionamento. Cedo e endureço ciclicamente.

Perdi meu medo. De ser eu mesma, de acreditar no que acredito e até de amar sem ser amada. Mas isso não me livrou de outros medos que circunstancialmente nasceram. E, talvez, eu só os perca quando me livrar de mais alguma coisa... o quê estou disposta a perder no momento?

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