segunda-feira, 30 de julho de 2012

Do estômago

A saudade aperta todos os dias
É a falta estomacal, envenenando minhas entranhas
As lembranças raramente são doces e fáceis
Assim como eu e você, beleza na tristeza é só acompanhamento

Sinto gosto de soro com café
Café frio, puro e amanhecido
Vomito lágrimas pra não ir embora meu almoço
Cuspo fogo e queimo a janta

Te vejo em minha comida e perco a fome
Batatas caem como pedras na minha barriga
Quero por tudo pra fora, mas não tenho nada
E meu intestino prende pra não me livrar dos seus olhos

Acho que emagreci dois quilos só ontem
Meu rosto se afina e minhas expressões derretem
Agora que já não tenho muito a perder
Me perco na dor que vem do estômago

terça-feira, 17 de julho de 2012

Realidade do sonho

Hoje sonhei com todas as improbabilidades
Como se as quisesse e as rejeitasse
No meu sonho, meu gozo vinha à vontade
E a vontade vinha sem gosto, sem laço
Como se eu me bastasse e me quisesse por inteira
Como se o suficiente não estivesse ali junto comigo
Toda a minha sorte foi lançada ao vento
E se eu for rápida, ainda posso alcançá-la
Toda a felicidade foi escondida por dentro
E se eu for com calma, posso desempacotá-la

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Manhã de hoje

Hoje acordei tranquila e serena.
Com a certeza de que, só por hoje, sua falta não me matará.
Só por hoje o que é meu me basta.
E minha vida pode caminhar.
Só por hoje me permito não sofrer.
Me permito lembrar do que era bom sem ter medo de perder.
Não me apego a certezas, e nem o saberia fazer.
Mas só por hoje SEI quem sou eu sem você.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O desejo, a carne, a alma e a paz.


E você?

Quero destruir cada pedacinho. Carne, pele e alma. Cada sorriso. Todas as lágrimas. Palavras.
Quero arrancar meu braço e rasgar seu pescoço.
Quero ver seus músculos se contraindo, seu olhar se afastando, sua mão, apertada e depois frouxa, seu corpo desfalecendo, seu sangue escorrendo, sua vida inexistindo... aos poucos.
Uma nota melancólica em cada movimento.
Admirar sua dor e, no final, virar as costas. Livre.
Então, num ato de bondade, inexisto também.
Desejo...
Quero que sinta muito mais do que eu senti. Transborde. Afogue.
Não por justiça, mas por satisfação.
Quero todo o mal que possa existir. Eu, destruída em cima do seu cadáver.
Quero seu fim. Seu extermínio. Seu desejo.
Desejo?...
Quero morrer com um sorriso nervoso, depois de saciar tudo. Tudo.
E, nos meus últimos suspiros, saber que nunca mais existirá. Pra mim nem ninguém. Com ninguém.
Assim o fim do ciclo acontece. Um brinde à nossa morte.
É disso que eu cuidarei.
Da alma e do desejo.
Desejo...

... A paz mundial, talvez.