Então percebo que todos eles, todos, guardavam suas recordações amorosas. Lidei com fotos, cartas, posts em fotologs e blogs para elas. Todos eles também se declararam pra mim, e pra todos eu me entreguei por inteira. E em todos, todos os casos, são só as minhas lembranças que estão fadadas à morte.
Do primeiro recebi contos sem meu nome. Foram todos excluídos de suas páginas, restando apenas indiretas amargas à garota púrpura. Do segundo, tive uma caixinha feita manualmente, cheia de fotos e cartas dentro, estraçalhada. Nada original. Do terceiro, esse que mais se apegava às suas recordações, que até lembranças de moças que nunca foram importantes em sua vida eram encaixotadas em cada mudança, dele nenhuma de nossas milhares fotos restaram em seu computador. Até da nossa almofada ele se livrou. Do quarto, as lindas poesias e dedicatórias fotologuianas com meu rosto estampado foram apagadas, mas as dirigidas para as outras, essas nunca! E do quinto, o mais recente, os meus queridos desenhos e bilhetes bobos e apaixonados foram queimados em seu quarto. Os das outras, nunca! Sempre só os meus...
Talvez o que sentiram por mim não valha tanto a pena. Provável que a farsa precisasse de um fim trágico antes de virar comédia futura. Mas o fato é que o que era meu nunca vive para contar história. É como seu eu precisasse ser exorcizada da história de cada um que amei loucamente. Já eu... Eu nunca consegui fazer o mesmo. Guardo anéis, bonecos, brincos, cartas, bilhetes, livros, desenhos, origamis, fotos, roupas e postagens.
E isso, essa falta de lembranças de uma vida compartilhada comigo, isso ainda me dói.
Não deveria, mas dói.
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