E como um exercício de resistência, tento me lembrar do porquê me apaixonei por você, e é quando as memórias doces me tomam. Foi tão fácil, tão óbvio, tão simples... Tão diferente de tudo que já tinha vivido. Me entorpeço com os discursos que você fazia na época, como se fossem ensaiados só pra mim, cada palavra se encaixava. Sinto uma vontade louca de rir e chorar quando me vem de novo cada movimento macio que foi feito na fatídica noite mágica em que nos conhecemos.
Não, eu não estava enganada... Tinha mesmo reconhecido tudo que eu sempre quis bem ali. Você me veio no exato momento que você estava perfeito pra mim. Eu só não contava que aquilo era só uma fuga sua. Você estava arrasado e tentou lidar com isso puxando pra fora seu lado menos confortável.
Demorei tempo demais pra notar. Muito tarde, já tinha me envolvido por completo. Eu estava finalmente me encontrando, já você, aprendendo a se perder. Eram caminhos opostos. Somos pessoas incompatíveis.
Logo você foi se cansando de ser quem não era. Logo eu fui me frustrando com a falta do você que minhas expectativas criaram. Logo o respeito que ainda não tinha se fortalecido entre a gente desapareceu. Logo nós dois, eu teimosa e você confuso, sumimos em meio ao furacão, sem achar saída.
Tento não te culpar por nada. Costumo falhar miseravelmente.
Uso a razão pra me convencer de que aquele cara não voltará, que ele nem sequer existiu, que seria muito estúpido comigo mesma e com você esperar qualquer atitude diferente. Falho de novo e de novo.
E agora, vomitando essas conclusões, me sinto pouco amada novamente. Ainda é difícil encarar como fantasia algo que está tão vivo aqui dentro.
Não há o quê ser discutido ou adaptado. Existe apenas uma eu sem você, um você sem mim, alguns gritos entalados e várias lágrimas escorrendo.
E aqui estou eu, com vontade de me declarar pro homem que conheci em maio de 2011. Durante seu pouco tempo de vida você foi uma das coisas mais lindas que já cruzaram o meu caminho. Eu amo aquelas lembranças e tudo de real que existiu.
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