Então faço minhas as palavras dela:
"Ele vai bater na porta qualquer dia, pensou Elena, vai bater na porta e ela vai abrir. E ele vai falar qualquer coisa sobre outra mulher. Caras como ele são sempre assim, falam em liberdade e amores, mas ao primeiro pedido da moça bonita deixam tudo para trás e te largam sem pedir desculpas. Depois batem na sua porta. Contam sete histórias e meia de como não tiveram escolha. De como foram forçados a tentar. Caras como ele sempre deixam mulheres como Elena para ficar com outras, mais retilíneas. E quando menos se espera ela está sozinha. A gente sempre fica sozinha quando não exige nada.
Mas ele vai bater na porta e ela vai querer dizer que caras como ele são sempre assim. Vão tentar a sorte com as moças corretas e só correm de volta pro seu colo quando ficam devastados delas. Esperam sempre não voltar, mas carregam dentro de si a segurança de poder fazê-lo. Fácil assim, Elena diria, antes de fechar a porta para sempre. Você não tinha que escolher, mas escolheu mesmo assim. Diria também que está cansada de ficar para depois, de ser clandestina na vida deles.
Mas quando chegar a hora, e ele bater na porta, Elena vai abrir com uma cara de pesar, vai calar a boca dele com um gesto leve, já ouviu todas as histórias, já sabe do que se trata. Vai sentir vontade de vomitar só de pensar em ouvir de novo. Vai deixar ele entrar e acolhê-lo num abraço. E ele vai ficar até encontrar outra que lhe peça para abandona-la. Porque é como eles são. Os caras como ele. E as mulheres como ela."
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