sábado, 4 de maio de 2013

Enfim, eu não preciso de você.

Choro agora, não pela dor, mas pelo gosto das lágrimas.
O mundo não desaba, o chão não se abre, eu não caio. Continuo aqui, como sempre deveria estar.
Leio coisas tristes que me aliviam da minha própria mágoa, como se come aquela fruta na sobremesa pra não se empanturrar de chocolate. Faz sentido e surte efeito. Provavelmente a vontade de açúcar não esteja tão grande nesse agora exato...

***

Você queria que eu precisasse de você. Acho que sente falta do quanto eu de fato precisei. Nada poderia ser mais egoísta da sua parte... e eu não esperaria coisa diferente.
Gostaria que entendesse que precisar de alguém não é algo positivo. Todo o meu ciúme, os meus descontroles, a minha raiva, tudo isso veio da nossa relação doentia, que começou a partir do momento que precisamos um do outro. O amor veio antes.
Ainda sonho com o dia que não dependerei de absolutamente ninguém pra ser feliz, e enquanto esse momento não chega, me satisfaço em simplesmente precisar menos de você. Esperar pouco. Sentir, na sua falta, a liberdade de ser eu mesma sem travas, sem poréns.
Admito que tenho algum receio ainda. Receio de não ser mais amada, nem por você nem por ninguém. Medo de que essas desilusões reflitam negativamente em quem permanecerá ao meu lado. Quase pânico de perder, enfim, uma parte de mim.
Mas me abro pro que está dentro e me tranquilizo um pouco. Já consigo te sentir distante sem que meu estômago se revire. Talvez, dessa vez, as coisas que você faz quando está longe nem sequer me façam sangrar. Ou, quem sabe, isso tudo volte e eu desague mais um pouco.

*

E enfim o momento de aproveitar a raiva e seguir a vida. Dar vazão aos sentimentos ruins que guardei pra te ter por perto. Momento de movimento, de fluidez, de fervor. E já que a lucidez não me abandona mais, aproveito o meu orgulho de ser eu mesma e vou só pros lados que eu quero.


Não te desejo a mesma felicidade, mas só por agora. Quero que você se arrependa, mas não o bastante pra tornar sua ausência mais complicada. Quero paz pra você, mas não antes dela me preencher.
Então me alimento do rancor até que ele não me caiba. Depois disso... depois.

Nenhum comentário: